terça-feira, 5 de maio de 2009

Aposentar ou não that is the question

O famoso questionamento existencial shakespeareno está sempre presente no nosso dia-a-dia.

Já o processo decisório de cada um quando se depara com questões existenciais importantes como, por exemplo, aposentar ou não, varia de pessoa para pessoa.

Uns ficam remoendo anos e protelando a aposentadoria no melhor estilo "devo ou não devo largar esse osso?..."

Outros, como foi meu caso, programam a aposentadoria para determinado "dia D" e seja lá o que Deus quiser.

Quando faltavam 180 dias para eu me aposentar no SERPRO, meus colegas e muitos dos clientes já se manifestavam com indagações tipo - você vai MESMO se aposentar? Por quê não continua? E se aposentar, vai continuar trabalhando? Vai pegar um DAS em algum Ministério?

Já com a decisão pronta na cabeça, resolvi fazer um programinha que mostrava uma contagem retroativa do tipo FALTAM 180 dias, 12 horas, 55 minutos e 43 segundos para eu me aposentar. E enviei numa mensagem para todos os meus colegas e para os principais clientes...

O programa fez o maior sucesso. Mas as perguntas continuaram inevitáveis: - Mas você vai mesmo se aposentar???

Claro que vou caráio! Respondia sacaneando a todos.

Quero mais é abrir vaga para os mais jovens porra!

Se eu ainda estiver com "essa bola toda" que vocês estão falando, não vai faltar emprego para mim lá fora...

Exatamente 180 dias depois, em apenas meia hora que compareci a uma Agência do INSS eu estava aposentado! Uma maravilha!

Não tinha mais que acordar às sete e meia da manhã. Não tinha mais que aturar chefias frustradas e incompetentes nem mais as responsabilidades nem sempre bem remuneradas que era obrigado a assumir enquanto os louros iam para chefes potiliqueiros muitas vezes de competências duvidosas.

Mas voltando ao dilema aposentar ou não, um dia, eu ainda morando em Brasília, fazia tranquilamente compras num Supermercado quando encontrei um amigo do SERPRO, o Maurílio, um engenheiro de Produção com o qual trabalhei alguns anos em projetos de implantação de sistemas do Serpro no Ministério da Saúde.

Ao ver o Maurílio também fazendo compras, a pergunta foi inevitável: - E aí, Maurílio. Você também já se aposentou?

Não... AINDA não. Estou numa dúvida cruel. Seu aposentar agora, pelas regras atuais, estarei abrindo mão de uma gratificação de função que ajuda muito. Se deixar para depois, as regras do Fundo de Pensão mudarão e eu perderei alguns benefícios hoje ainda garantidos.

Então, eu caminhando com o carrinho do supermercado paralelamente ao dele, num corredor de mais de 50 metros, comecei minha argumentação pró-aposentadoria imediata dele. E disse-lhe:

Maurílio, observe aquela parede lá na frente, a 50 metros daqui. Imagine que você e eu nascemos AQUI e vamos morrer lá na parede.

É claro que nosso fim pode acontecer a qualquer momento a partir daqui. mas vamos em diante caminhando na direção da parede...

Andamos uns 10 metros e lhe disse: - Por exemplo, NESTE ponto, imagine que começamos a trabalhar em nosso primeiro emprego e iniciamos o pagamento do INSS e do Fundo de Pensão. Continuamos a caminhar e lhe fazia ver COMO a parede final se aproximava cada vez mais...

Camimhamos mais uns 20 metros e lhe disse: - Neste ponto, imagine que AQUI estamos com a idade de aposentar. Se continuarmos a trabalhar e consequentemente a pagar INSS e o Fundo de Pensão, a parede cada vez se aproximará mais. Correto?

Então, meu amigo. A hora é ESTA! Aposente-se! E se você estiver realmente com essa bola toda que acha que está, ocupando esse cargo, certamente não faltará emprego para você no Mercado e então bastará colocar seu currículo à prova.

Um mês depois dessa nossa conversa recebi o jornalzinho dos aposentados do nosso fundo de pensão, o SERPROS qual o primeiro nome que vi na coluna dos "aposentados do mês?"

- O do Maurílio.

Até hoje não sei ainda se nossa conversa de supermercado influenciou ou não na decisão do Maurílio mas que ele se aposentou isso não tenho dúvidas...

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